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Capítulo 23: XXIII

Página 319

Entrou por fim em uma bouça pertencente à casa, colocada, porém, fora dos muros da quinta e separada deles por uma espécie de vala, que servia de caminho público.

Dali avistavam-se as árvores, os telhados, as torres e as mais elevadas janelas da Casa Mourisca.

D. Luís fez parar o cavalo e fixou melancolicamente os olhos no velho solar onde nascera e onde apreendia não poder morrer, como haviam morrido os seus avós.

Ia adiantada a tarde, e à laz desmaiada do Sol, que declinava, crescia a tristeza do velho. Os olhos tinham um fulgor que denunciava lágrimas.

Era solenemente triste aquele quadro. A nobre figura do ancião, assim imóvel, extático, no ermo alpestre de um pinhal, a que os ventos da tarde arrancavam um gemer monótono e triste, com os olhos fitos nas ameias do seu palácio acastelado, donde as paixões o expulsaram, com rosto iluminado pelos trémulos raios do Sol, que desenhava distintamente o rendilhado da rama dos carvalhos longínquos, atrás dos quais se escondia, era uma personificação vigorosa do desalento e da saudade sob o colorido de desesperança que a velhice lhe dava.

A imobilidade do cavaleiro contrastava com a impaciência do fogoso animal, que escarvava insofrido o solo, sem que pudesse satisfazer a ânsia do movimento que o devorava. De súbito o cavaleiro fez um movimento, como de quem adopta uma resolução, que por muito tempo lhe repugnara.

Pôs-se de novo a caminho, seguindo sempre a direcção do rumo da quinta, e sem abandonar o pinhal.

Pouco adiante encontrou as ruínas de uma antiga casa de guarda, já quase destelhada, e em cujo recinto cresciam à vontade as giestas e as tojeiras, por entre os montões de telha e de caliça caída, e onde encontravam tranquilo abrigo répteis de toda a espécie.

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pág. 319 (Capítulo 23)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 319

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515