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Capítulo 23: XXIII

Página 320

D. Luís levou para ali o cavalo, que prendeu ao varão oxidado e torcido de um caixilho de janela, e saiu outra vez, continuando a rodear a quinta.

Havia um lugar onde o muro era em parte derrubado e facilitava extremamente o ingresso. Sabiam-no bem uns certos rondadores noctívagos, que tantas vezes por ali efectuavam as suas explorações depredatórias no mal vigiado terreno da Casa Mourisca.

Foi por o mesmo caminho desses visitadores suspeitos que o proprietário daquele nobre solar aí entrou furtivamente, e coroando do passo a que a violência de uma entranhada saudade o impelia.

Dentro em pouco achava-se na quinta.

Caminhou inteiramente agitado pelas ruas solitárias, atravessou as devesas, onde àquela hora não penetrava um só raio de Sol, e sem vacilar seguiu na direcção da casa. Ao chegar ao pátio, viu aberta uma pequena porta por onde habitualmente se fazia o serviço do palácio.

Ocorreu-lhe só então que poderia estar alguém lá dentro, àquela hora.

Se se encontrasse ali com Tomé, como conseguiria arrostar com a vergonha de ser por ele descoberto naquela visita furtiva? Ia a recuar, mas o impulso interior a obrigá-lo a progredir era mais forte. Venceu. Aproximou-se cautelosamente da porta e ficou-se a escutar por alguns instantes. No interior havia o mais completo silêncio. Não se divisavam vestígios que denunciassem presença de alguém estranho. D. Luís deu a medo alguns passos no limiar, subiu os primeiros degraus da escada, hesitando e escutando a cada passo que dava e a cada degrau que subia.

Sempre o mesmo silêncio.

Pensou então o velho fidalgo que bem poderia ser que na precipitação da saída tivesse ficado aberta aquela porta; e animado por esta hipótese adiantou-se mais resoluto.

Havia nas largas escadas uma luz froixa e quase misteriosa; esta luz e aquele silêncio eram dos que infundem no ânimo um sentimento quase de pavor.

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pág. 320 (Capítulo 23)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 320

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515