Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 23: XXIII

Página 324

- Meu Deus! meu Deus! tende misericórdia de mim! - murmurava ele, passando a mão na fronte pálida. - Se isto é um sonho, deixai-me morrer a sonhá-lo!

E vergaram-se-lhe os joelhos diante daquela porta misteriosa, e, soluçando e rebentando-lhe enfim impetuosas as lágrimas dos olhos, caiu, dizendo em uma desvairada exclamação:

- Ó minha filha! minha filha! Se és tu que assim me arrebatas deste mundo, tem compaixão de teu velho pai e não partas sem que lhe apareças um instante que seja!

Calaram-se de súbito os sons da harpa e da voz feminina. E, pouco depois, a porta abria-se e Berta aparecia no limiar.

Ao ver o fidalgo de joelhos, com a cabeça escondida entre as mãos e soluçando, a filha de Tomé da Póvoa correu para ele comovida:

- O Sr. D. Luís! O meu padrinho! Oh! perdão, perdão! - exclamava ela.

E o susto que a voz do velho lhe havia causado, ao interromper-lhe inesperadamente o canto, cedeu o passo à sentida aflição.

À voz de Berta, D. Luís ergueu a cabeça e fitou a afilhada com um olhar espantado e interrogador.

As lágrimas desciam-lhe ainda a duas e duas pelas faces emagrecidas.

- Perdão, perdão, meu bom padrinho - prosseguia Berta, tentando erguê-lo -, fiz mal, bem o vejo, bem o sinto agora... mas havia tanto tempo que eu desejava visitar estes sítios! não chore, Sr. D. Luís, por amor de Deus perdoe-me!

O fidalgo, quase ainda alheio ao que se passava, deixou-se erguer e conduzir por Berta para dentro do quarto, e sentou-se, sem consciência dos seus actos, na cadeira junto da harpa, cujas últimas notas parecia ainda vibrarem no espaço.

A comoção violenta quebrara-lhe as forças.

Os braços e a fronte pendiam-lhe em um desfalecimento profundo.

Berta ajoelhou-se-lhe aos pés, tomando-lhe as mãos, beijando-as e cobrindo-as de lágrimas.

<< Página Anterior

pág. 324 (Capítulo 23)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 324

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515