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Capítulo 3: III

Página 33

Jorge não pôde tirar às suas palavras um ligeiro tom de amargura e quase de ironia quando, depois desta resposta de Tomé, exclamou, voltando-se para a Casa Mourisca:

- Espera, pois, casa de meus pais, que a nossa miséria nos expulse dos teus tectos e te abra as portas à família de um lavrador abastado, para veres reparados os teus muros e cultivados esses campos maninhos; assim Deus dê a esse homem um pouco de amor às coisas velhas, para te não destruir na reforma.

Tomé, que percebeu a oculta expressão dessas palavras, replicou com dignidade:

- Porque não há-de antes dizer, Sr. Jorge: Espera casa de meus pais, que Deus inspire um dos teus donos para que olhe por seus próprios olhos para os teus achaques e os cure por suas mãos!

- Os remédios são caros na botica, Tomé. Os pobres vêem às vezes morrer um doente, porque não podem comprar a droga que o salvaria.

- Senhor Jorge - acudiu Tomé com um ar quase solene - resolva-se deveras a ser homem, deixe-se de viver como vivem e têm vivido os seus, queira do coração fazer-se económico, trabalhador e vigilante, livre-se da praga dos seus mordomos e procuradores, deixe o padre dizer missas, mal ou bem, conforme puder, porque isso é lá com Deus e ele; faça tudo isto, e os capitais não lhe faltarão. O homem que principiou a ganhá-los naquela casa será um dos que não porá dúvida em empregá-los, até onde chegarem, para a sustentar e não deixar cair; e onde não chegarem os capitais, chegará o crédito.

- É uma esmola que me oferece, Tomé? - perguntou Jorge, mas sem o menor sinal de irritação.

- Não, Sr. Jorge, não é. Nem o menino ma aceitava, nem eu poderia fazê-la sem prejudicar meus filhos. Não é uma esmola, é um empréstimo, menos perigoso do que os arranjados pelo padre capelão.

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pág. 33 (Capítulo 3)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 33

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515