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Capítulo 24: XXIV

Página 340

- Porque não?

- Os corações como o de Berta precisam do calor suave da vida de família para rescenderem o grato perfume do seu amor. Para um homem a quem ainda atraem as lutas da vida e as lides da glória, não é das mais adequadas companhias a destas mulheres estremosas e modestas, que somente se satisfazem com afectos, e cujo amor não se nutre da glória do objecto que amam, mas exclusivamente do amor que dele exigem. Almas que o ciúme desalenta, que a ausência definha, não são para companheiras daqueles homens. Se um dos tais mais imprudente liga um destes corações ao seu destino, ou o martiriza, cedendo aos próprios instintos de glória, ou, sacrificando-lhos, tortura-se, e a tortura reflecte-se sobre essas almas amoráveis, que a adivinham.

- E poderá ser verdadeiro um amor que não tenha essas qualidades que diz?

- Pode. Pois não pode! É preciso que evites, Maurício, o preconceito que tem muita gente de que tudo é falso e mau nos brilhantes círculos sociais. Não é. Lá há também amores e afeições verdadeiras, podes crê-lo, mas, nascidas e criadas em condições diversas, vivem e resistem a ventos que definham as outras. Uma mulher daquele mundo, sem que deixe de amar seu marido, não aspira a monopolizá-lo para o seu amor. Pelo contrário, deseja que ele desempenhe a sua missão na sociedade. Com a glória que aí adquirir, se ilumina ela também, e em vez de o reter na obscuridade do lar doméstico, impele-o para a luz e sente que o seu amor para ele cresce na proporção em que os outros o admiram. É uma vaidade que se converte em estímulo. Estas mulheres assim servem de incentivo às aspirações, e são as que convêm aos artistas, aos políticos, em uma palavra, aos ambiciosos.

- Mas quem lhe disse que eu era ambicioso? - perguntou Maurício, já em tom diferente, e demorando na baronesa um olhar analisador, como de quem pela primeira vez descobria nela qualidades dignas de atenção.

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pág. 340 (Capítulo 24)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 340

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515