Talvez o quarto de Gabriela.
- Não se incomode - atalhou Berta. - A Sr.ª baronesa parece que tinha tudo prevenido, porque me receberam como quem me esperava já.
- Mas como sabia Gabriela?...
- Pois se foi ela quem me mandou dizer que partia e que me fez sentir a necessidade de vir ocupar o seu lugar.
- Ah! agora entendo a carta dela. É uma boa rapariga afinal.
E D. Luís tinha nos lábios, ao dizer isto, um sorriso de simpatia, que lhe suavizava a dureza habitual das feições.
A agradável doçura que o fidalgo da Casa Mourisca estava saboreando com a presença e o conversar de Berta foi interrompida por umas pancadas tímidas na porta do quarto, que ele escutou de má vontade.
- Quem está aí? - perguntou quase irritado.
- Licet? - murmurou a voz do padre fora da porta.
- Entre quem é - respondeu D. Luís, ainda mais irritado depois de conhecer a voz.
O padre entrou subitamente, cortejou Berta com olhos desconfiados e avançou com passos vagarosos.
- Que é o que quer, frei Januário? - perguntou D. Luís desabridamente.
O padre continuou a aproximar-se do leito e respondeu melifluamente:
- Os filhos de V. Ex.ª, os Srs. D. Jorge e D. Maurício, pedem licença para lhe falarem.
D. Luís fez um movimento de impaciência.
- Que me querem eles?
O padre encolheu os ombros.
- Não posso dizer a V. Ex.ª, porque eu mesmo não o sei.
- Que lhes não falo agora - respondeu em tom sacudido o fidalgo. Mas, ao voltar-se, deu com os olhos no rosto de Berta, que insensivelmente revelou nele o desprazer com que ouvira aquela resposta.
O padre ia a retirar-se com o recado, quando ouviu D. Luís dizer:
- Mas não poderei saber o que é que me querem os senhores meus filhos?
O padre parou, esperando uma ordem definitiva.