Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 31: XXXI Pág. 432 / 519

Tomé da Póvoa tinha-a na véspera procurado para lhe falar na visita que recebera da mãe de Clemente, e no que ela lhe dissera sobre o desgosto em que andava o filho com a demora do projectado casamento. Tomé não queria apressar a saída de Berta dos Bacelos, mas, lembrando-se de que o fidalgo ia melhor e de que, por certo, não seria ele o primeiro a dizer a Berta que prescindia dos seus cuidados, pensava que seria bom que ela lhe insinuasse a necessidade de separação, e para isso bastava pedir-lhe, como padrinho que era, licença para o casamento que se ajustara.

Berta perguntou ao pai se tinha já a certeza de que Clemente estivesse ainda resolvido a insistir na sua proposta. Tomé admirou-se da pergunta, porque nada sabia da conferência da filha com o noivo, e assegurou-a de que a resolução de Clemente era ainda a mesma, visto que a mãe naquele mesmo dia lhe viera recordar o ajuste.

Em vista desta declaração, Berta prometeu falar naquele objecto a D. Luís no dia seguinte, e era esse o ensejo que ela desde pela manhã procurava.

O assunto a que a coincidência das cartas de Maurício e da baronesa chamava a conversa, preparara excelentemente o caminho para o pedido de Berta.

Aproximando-se da cadeira em que estava sentado o padrinho, disse-lhe com o tom de afabilidade com que aprendera a dominá-lo:

- Já que está em maré de condescender com os pedidos que lhe fazem não quero perder a ocasião de lhe fazer um também.

- Ah! tens um pedido a fazer-me?

- Tenho. É tão parecido com esse!

- Com esse... qual?

- Com o que lhe fez seu filho.

- Com o pedido de Maurício? Mas... então trata-se de casamento?

- Sim, meu padrinho. É de um casamento que se trata.

- De quem? - interrogou o fidalgo, fitando os olhos em Berta.





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