Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 32: XXXII Pág. 443 / 519

da janela para o filho:

- Que força de serviço foi essa que te estremunhou, rapaz?! Sume-te! Mal luzia o buraco e tu já a sarilhares por essa casa!

- Levantei-me um bocadito mais cedo e vim espairecer para aqui.

- Qual história! Então cuidas tu que te não senti toda a santa noite? Ó rapaz, olha que isto não me vai agradando. Aquele maldito empate do casamento...

- Ora adeus, bem se trata agora disso.

- Pois que outra coisa há-de ser?

- Quer que lho diga? Faça vossemecê favor de chegar aqui abaixo e conversaremos.

- Olá! A coisa é séria! Temos história. É o que eu digo.

E, saindo da janela e descendo as escadas para ir ter com o filho ao quintal, a boa Ana ia a dizer para si:

- O rapaz anda esquisito! Que me quererá ele? É coisa que lhe dá freima. Na cara se vê. Queira Deus que não tenhamos por aí alguma alhada. O diacho do casamento!

E chegando ao quintal, onde a aguardava o filho, exclamou:

- Ora aqui me tens. Vamos lá ouvir isso que tens para me contar. Desabafa lá, que isto de guardar cada um as coisas consigo não é bom. Vá.

- Ora venha para aqui, minha mãe - disse Clemente, chamando-a para um banco de madeira, por baixo de um parreiral.

- Mas avia-te, filho, que eu tenho que fazer lá dentro. Já sei que me vais falar no casamento.

- É verdade, vou falar-lhe no casamento que se não faz.

- Que se não faz? - repetiu Ana, dando um salto e fitando os olhos espantados. - Tu que dizes?

- Isso mesmo que entendeu. Que se não faz.

- Então porque é que se não há-de fazer?

- Porque pensei melhor.

- Ora vai pensar para os quintos. Olha agora? Viu-se já um disparate assim? Pensaste melhor em quê e porquê?

- Olhe, minha mãe, vossemecê bem sabe que eu não sou nenhuma criança capaz de fazer as coisas no ar.





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