da janela para o filho:
- Que força de serviço foi essa que te estremunhou, rapaz?! Sume-te! Mal luzia o buraco e tu já a sarilhares por essa casa!
- Levantei-me um bocadito mais cedo e vim espairecer para aqui.
- Qual história! Então cuidas tu que te não senti toda a santa noite? Ó rapaz, olha que isto não me vai agradando. Aquele maldito empate do casamento...
- Ora adeus, bem se trata agora disso.
- Pois que outra coisa há-de ser?
- Quer que lho diga? Faça vossemecê favor de chegar aqui abaixo e conversaremos.
- Olá! A coisa é séria! Temos história. É o que eu digo.
E, saindo da janela e descendo as escadas para ir ter com o filho ao quintal, a boa Ana ia a dizer para si:
- O rapaz anda esquisito! Que me quererá ele? É coisa que lhe dá freima. Na cara se vê. Queira Deus que não tenhamos por aí alguma alhada. O diacho do casamento!
E chegando ao quintal, onde a aguardava o filho, exclamou:
- Ora aqui me tens. Vamos lá ouvir isso que tens para me contar. Desabafa lá, que isto de guardar cada um as coisas consigo não é bom. Vá.
- Ora venha para aqui, minha mãe - disse Clemente, chamando-a para um banco de madeira, por baixo de um parreiral.
- Mas avia-te, filho, que eu tenho que fazer lá dentro. Já sei que me vais falar no casamento.
- É verdade, vou falar-lhe no casamento que se não faz.
- Que se não faz? - repetiu Ana, dando um salto e fitando os olhos espantados. - Tu que dizes?
- Isso mesmo que entendeu. Que se não faz.
- Então porque é que se não há-de fazer?
- Porque pensei melhor.
- Ora vai pensar para os quintos. Olha agora? Viu-se já um disparate assim? Pensaste melhor em quê e porquê?
- Olhe, minha mãe, vossemecê bem sabe que eu não sou nenhuma criança capaz de fazer as coisas no ar.