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Capítulo 34: XXXIV

Página 468
Não me fales! Não me faças descrer de Deus! Não quero ver ninguém, já disse! Deixem-me!

Berta parou, surpreendida e intimidada por aquela súbita transformação nas maneiras do padrinho para com ela, e, ao sair do quarto, saltavam-lhe de sentida as lágrimas dos olhos.

- Ó fidalgo! - acudiu a Ana do Vedor, cada vez mais assustada pelo estado em que o via - ó fidalgo! olhe que está fora de si! Isto que é? A pobre rapariga vai a chorar por a maneira por que a tratou. Que culpa tem ela? Coitada da pobre!

- É o que lucra quem se aproxima de um homem maldito de Deus como eu sou - respondeu o velho, deixando-se cair na cadeira já desalentado.

- Não diga essas coisas, que até é pecado! Que motivos tem para essas fúrias! Olha agora! O que eu lhe disse não é para tanto. Além de que, sossegue, tanto a rapariga como o seu filho têm juízo, mais até do que lhes convinha para serem felizes. Digo-lhe eu que mais depressa eles se deixarão morrer, e até parece que estão nessa resolução, do que lhe darão o desgosto de que tanto se receia, não sei porquê. E olhe que o rapaz já não está longe de fazer a tal viagem. A não lhe agradar mais vê-lo morrer, o que o fidalgo deve fazer é...

D. Luís mostrava não dar a menor atenção ao que a mulher dizia. O acesso de desespero passara. Com gesto e voz de abatimento interrompeu-a perguntando:

- A pequena ia deveras a chorar?

- Pudera não. Ao rompante com que V. Ex.ª lhe falou! E sem razão alguma, porque, como eu disse a V. Ex.ª, eles...

O fidalgo suspirou:

- É uma fatalidade! - disse ele a meia voz. - Pobre rapariga! Decerto que não é ela culpada nisto. Instrumento inocente nas mãos dos outros, nem ela sabe o que faz! Ana, eu preciso de estar só, peço-lhe que me deixe só.

- Pois fique-se com Deus.

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pág. 468 (Capítulo 34)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 468

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515