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Capítulo 1: I

Página 9

Mas dias de maior provação estavam reservados para esta família.

A munificiência que o senhor da Casa Mourisca mantivera no voluntário desterro, a que se condenou, obrigara-o a enormes e perigosos sacrifícios.

D. Luís nunca propriamente se ocupara da gerência dos seus bens. Fiel aos hábitos aristocráticos dos seus maiores, deixara desde muito a procuradores todos os cuidados de administração, e de quando em quando recebia deles a notícia de que a sua casa se estava perdendo, sem que se lembrasse de perguntar a si próprio se não seria possível opor um obstáculo àquela ruína.

O padre Januário, ou frei Januário dos Anjos, velho egresso, homem de letras gordas, que se estabelecera comodamente naquela acastelada residência como em sua casa, era um desses procuradores.

Faça-se justiça ao padre, que não era de má-fé, nem em proveito próprio, que ele apressava, com mão poderosa, a decadência de D. Luís. Mas, homem de curtas faculdades e de nenhum expediente financeiro, se obtinha capitais para o seu constituinte, nas crises mais apertadas, era sempre sob condições de tal natureza que deixava de cada vez mais onerada a propriedade e mais irremediável o triste futuro dela. Sucedeu pois o que era de esperar. Dispersou-se a corte de D. Luís. Por muito que fizessem os administradores da casa para a manter no costumado esplendor, cedo principiaram a transparecer os sinais da declinação. Foi o aviso para a debandada. Uns porque delicadamente compreenderam que a sua permanência concorreria para aumentar as dificuldades com que o fidalgo já lutava; outros porque aspiravam melhores auras, longe dali, em solares menos estremecidos pelo vaivém da adversidade; é certo que todos se foram retirando a um por um, e deixaram a família só.

Aumentou, com este isolamento, a taciturnidade do fidalgo.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 9

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515