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Capítulo 10: X

Página 122

- Então? Não tem uma linda voz a rapariga? - continuava Tomé, olhando para Jorge, que não respondeu.

A voz continuou:

Dorme, dorme, meu menino,

Que é alegre o sono teu

E enquanto na terra dormes

Folgam os anjos do céu.

Jorge escutava com mais prazer do que a si mesmo queria confessar o canto que lhe chegava aos ouvidos naquela monótona e melancólica melopeia de todas as músicas destinadas a acalentar o sono das crianças.

Tomé, esse estava verdadeiramente extasiado. A voz da filha parecia encontrar um caminho direito para o coração daquele pai extremoso, e comovê-lo quase a ponto de lhe enevoar os olhos com lágrimas consoladoras.

Quando expiraram as últimas notas do canto, Jorge levantou-se.

Era tarde já e mais que tempo de dar por concluída a conferência; mas neste movimento de Jorge actuara uma ou outra ideia.

Ele próprio estranhava o que ia na sua alma naquele momento. Revoltava-se contra si mesmo porque se sentia fraco perante os artifícios de uma mulher, contra a qual devia estar precavido; Jorge supunha-se persuadido de que Berta aproveitara de propósito o ensejo de fazer-se ouvir e de mostrar os encantos da sua voz agradável e sonora; táctica vaidosa que muito escandalizava o carácter sisudo do rapaz. Mas o pior era dizer-lhe a consciência que, mau grado seu, a táctica tivera efeito. A prevenção hostil de que à força queria armar-se não era talismã bastante forte para o livrar de encantamento.

Isto principalmente o indignava, sem a si próprio o confessar. Sentia-se sob o influxo de uma magia que pensava funesta, mas, como sucede quando em sonhos procuramos fugir a um perigo que nos persegue, anulava-se o esforço que fazia para quebrá-lo e a seu pesar permanecia no perigo.

Desconhecia-se, sentia uma turbação indefinível, parecia-lhe que o ar livre lhe seria salutar.

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pág. 122 (Capítulo 10)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 122

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515