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Capítulo 3: III

Página 32
Jorge, se eles se não ocuparam de seus bens e não sentiram o mal, é porque tinham ainda muito que perder. Quem hoje o está pagando é seu pai e amanhã serão os meninos. Isto é como uma pessoa robusta que leva vida extravagante. Enquanto é nova e tem muitas forças, não dá pelas que perde e julga que nada lhe faz mal; mas chega lá a um certo ponto e de repente acha-se fraca, e então é que considera o dano que fez a si mesma e aos filhos que gerou. Entende o que eu digo?

- Entendo, Tomé, entendo, e creio que é essa a verdade. Além de que - prosseguiu Jorge pensativo - , naqueles tempos, as classes privilegiadas podiam entregar-se sem receio a uma vida de incúria e de dissipação, porque os privilégios velavam por elas e remediavam-lhes os desvarios; adormeceram nessa confiança e não sentiram que tinham mudado as condições sociais, e agora ao acordarem…

Jorge, que dissera estas palavras mais para si do que para o seu interlocutor, interrompeu-as subitamente, e, apontando para a Casa Mourisca, que dali se avistava, exclamou quase com desespero:

- E não será ainda possível sustentar aquela casa na sua queda?

Tomé da Póvoa sorriu com uma expressão de inteligência.

- Entregue-a às mãos de um lavrador, de um homem de trabalho, que possa dispor de alguns capitais para os primeiros tempos, e verá.

- Principiaria por deitar abaixo aquelas paredes velhas e aquelas árvores - observou Jorge, olhando com tristeza para o seu meio arruinado solar e para os bosques seculares que o rodeavam.

- Talvez deitasse - disse Tomé - pode bem ser que o fizesse, porque lá amor a essas coisas não têm eles, não. Mas não seria necessário. Eu, que também lhes tenho afeição, àquele arvoredo e àquelas paredes negras, porque ali passei um tempo… mau era ele decerto… mas enfim… sempre tinha vinte anos… , eu, que me não atreveria a deitar-lhe o machado… ainda me aventurava a pôr aquilo no pé em que esteve.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 32

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515