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Capítulo 1: I

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Trouxe consigo um enxame de misantropos, a quem o sol da liberdade igualmente incomodava, e que tinham resolvido pedir à natureza conforto contra os supostos delitos da humanidade.

O solar do fidalgo transformou-se, pois, em asilo de muitos correligionários, como ele desgostosos e irreconciliáveis com a nova organização social.

Instituiu-se ali uma pequena corte na aldeia, uma espécie de assembleia ou conventículo político, que não poucas vezes atraiu as vistas dos liberais desconfiados e as ameaças dos mais insofridos. Havia ali homens de todas as condições, e alguns de ilustração e ciência.

A hospitalidade do fidalgo era magnífica. D. Luís mostrava ignorar, ou não querer saber, qual o preço por que ela lhe ficava. Indiferente a tudo, dir-se-ia sê-lo também à ruína da sua própria casa, que apressava assim.

A vitória da causa contrária; a morte, em curtos intervalos, de três filhos, que parecia caírem vítimas de uma sentença fatal; o receio pela vida dos outros; a tristeza e doença progressivas da esposa, a quem aqueles ódios e lutas tinham despedaçado o coração; às vezes uma vaga consciência da sua situação precária, e porventura ainda remorsos pelas violências a que os ódios políticos o impeliram, quebrantaram o carácter, outrora varonil, daquele homem que desde então começou a mostrar-se taciturno e descoroçoado. A prova evidente de que alguns remorsos também lhe torturavam o espírito fora a insólita generosidade com que recebeu e gasalhou permanentemente em sua casa um pobre soldado do exército liberal, meio mutilado pela guerra desses tempos, e que tinha sido o fiel camarada do infeliz mancebo, contra quem tanto se encarniçara o ódio do implacável realista.

Viera o soldado entregar à esposa do fidalgo uma medalha, última lembrança do irmão, que lha enviara quando já agonizante no campo do combate.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 6

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515