Durante nove dias, tratou-o com todas as honras mas, ao alvorecer do décimo, pediu a Belerofonte que lhe entregasse a mensagem. Quando percebeu do que se tratava, começou a cogitar sobre o modo como haveria de se desfazer do guerreiro. Primeiro, mandou-o matar a invencível Quimera, monstro de raça divina, que à cabeça do leão unia o corpo de uma cabra, que terminava sob a forma de dragão e lançava constantemente chamas pela boca. Vários heróis tinham, em vão, tentando vencê-la. Belerofonre, porém, auxiliado pelos deuses, destruiu-a com roda a facilidade. Depois, ordenou-lhe o rei que fosse lutar contra a feroz tribo dos sólimos. Segundo se conta, foi esta a batalha mais árdua da sua vida, mas saiu vencedor. Teve de lutar também contra as Amazonas e destruiu-as. Depois dessas façanhas, preparou-lhe o rei uma emboscada com os homens mais fortes da região. nenhum deles voltou com vida e Belerofonte, sozinho, regressou são e salvo ao palácio do rei. Ao vê-lo, o monarca pensou: «Este homem é certamente protegido pelos deuses e portanto não pode ser mau.» Chamou-o, então, deu-lhe a sua filha em casamento e metade das honras reais. Teve filhos, dos quais um foi de Sarpedão e outro, Hipóloco, é o meu pai. Enviou-me ele a Tróia e exortou-me a que fosse sempre o primeiro na luta e honrasse o sangue de meus antepassados. É esta, pois, a linhagem de me orgulho.
Ao ouvir estas palavras, exultou Diomedes e saudou o guerreiro, exclamando:
— Vejo, então, que somos amigos por parte de nossos pais. O divino Eneu, meu avô, recebeu outrora Belerofonte no seu palácio e os dois tornaram-se amigos. Se algum dia vieres a Argos, faço questão que sejas meu Hóspede e eu serei teu conviva quando for visitar as terras da Lícia. Poupemo-nos os dissabores da luta. Há para aí muitos Troianos para enfrentar e a ti não faltam gregos para combater. Mas devemos trocar de armas, para que os esses guerreiros saibam que estamos ligados pelos laços da amizade e não podemos, por isso, lutar um contra o outro.
Dizendo isto, saltaram ambos dos carros, trocaram as armaduras, apertaram as mãos e juraram fidelidade. Comentou-se, mais tarde, que Glauco perdera com a troca, pois a sua armadura era de ouro, enquanto a de Diomedes era de bronze.