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Capítulo 16: XVI

Página 199
Nos telhados cresciam em verdadeira floresta as ervas parasitas; fragmentos de louça, de garrafas, velhos arcos de pipa, farrapos, montões de caliça pejavam, desde tempos imemoriais, a superfície do pátio. Manchas verdes de musgos e de líquenes, que a humidade desenvolvera, cobriam a fachada do edifício, por onde havia muitos anos não passara a brocha do caiador.

Maurício subiu as escadas desta casa húmida e entrou nos corredores, que estavam tão desertos como o pátio. Passeavam por eles imperturbadas as galinhas e as pombas como em terreno familiar, e ocasiões havia em que pela porta meia aberta dos aposentos se insinuava curiosa uma cabeça suína. Só os criados não apareciam, a ociosidade dos amos era contagiosa. Conhecedor da topografia da casa, Maurício foi ter direito ao quarto dos primos que procurava.

Dormiam ainda os dois mais novos, enquanto o morgado andava labutando com alguns lavradores vizinhos no destroço do que ainda lhe restava.

O sono do padre e do doutor não era para ceder à primeira chamada. Ainda depois de lhes bater à porta, Maurício continuou a ouvi-los ressonar em um duo assustador.

Afinal respondeu a voz rouca de um deles com um som inarticulado, que claramente expressava o mau humor que lhe assistia ao despertar.

- Sou eu, abram - disse Maurício, continuando a bater.

Respondeu-lhe uma praga, e depois outra voz acrescentou:

- A porta está aberta. Levanta a tranqueta e entra.

Maurício assim fez e entrou para a sala, que servia de aposento comum dos dois manos.

Havia dentro uma atmosfera quente, abafadiça e viciada de fumo de cigarro que sufocava.

A sala era ampla, mas de um desarranjo e desconforto indescritíveis.

Dois catres de ferro ao lado um do outro, uma cadeira sem fundo,

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pág. 199 (Capítulo 16)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 199

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515