Lord Jim - Cap. 28: Capítulo XXVII Pág. 281 / 434

Uma grande quantidade de bandeiras desfraldadas nas cumeeira castanhas dos telhados lembrava como que um adejar de pássaros brancos, vermelhos e amarelos. 'Você devia sentir-se satisfeito', murmurei com um sentimento de emoção e simpatia.

«'Era... qualquer coisa de imenso!... de imenso!', exclamou ele em voz alta, abrindo os braços. Este gesto repentino fez-me estremecer, como se o tivesse visto revelar os segredos do seu coração à luz do Sol, à floresta sombria, ao mar cor de chumbo. A nossos pés, a cidade desdobrava-se em curvas suaves nas margens do rio, cuja corrente parecia dormir. 'Imenso!', repetiu ele pela terceira vez num murmúrio que era só para ele.

«Era imenso! Nã9 há dúvida de que era imenso; o êxito que confirmava as suas palavras, a terra conquistada, para firmar os pés, a confiança cega dos homens, a fé em si mesmo arrancada ao fogo, a solidão da sua bandeja. Tudo isto - como já lhes disse - é diminuído pelas palavras. Só com palavras não me é possível transmitir-vos a ideia da sua solidão total e absoluta. Sei, evidentemente, que, em todos os sentidos, ele era ali o único da sua raça, mas dons insuspeitos tinham-no posto em tão estreito contacto com os que o rodeavam que esse isolamento parecia ser apenas defeito da sua força. A solidão aumentava a sua grandeza. Não havia nada que se pudesse comparar com ele, como se fosse um desses homens excepcionais que apenas podem ser medidos pela grandeza da sua fama, e a dele era - não se esqueçam - a coisa mais importante dos arredores, a muitos dias de marcha. Era preciso remar, impelir um barco com uma vara ou abrir um longo e duro caminho através da floresta antes de nos encontrarmos fora do alcance da voz desta fama, que não era a trombeta da desprezível deusa que todos nós conhecemos, não era dissonante nem impudente.





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