Capítulo VI As autoridades eram, evidentemente, da mesma opinião. O inquérito não foi adiado. Efectuou-se no dia marcado, para cumprir a lei, e estava lá muita gente, com certeza por causa do seu interesse humano. Não havia dúvida nenhuma com respeito aos factos - quer dizer, com respeito ao facto essencial. Era impossível descobrir como é que o Patna tinha abalroado; o tribunal não esperava descobri-lo; e não havia ninguém no auditório a quem isso interessasse. Contudo, como já lhes disse, todos os marítimos do porto estavam lá presentes e todas as empresas ligadas ao mar representadas. Quer o soubessem ou não, o interesse que os atraíra ali era puramente psicológico - a expectativa de uma revelação essencial da força, do poder, - horror das emoções humanas. Naturalmente, nada desse género podia ter revelado. A inquirição do único homem pronto a enfrentá-la e capaz de fazer andava às voltas inutilmente, à roda de um facto notório, e o jogo - perguntas era tão esclarecedor como o bater de um martelo numa caixa de ferro para recuperar um objecto que não está lá. É verdade que um inquérito oficial não podia ser outra coisa. O seu objectivo não era o porquê 'fundamental, mas o como superficial, deste caso.
«O jovem podia ter-lhes dito o porquê, e se bem fosse este o que interessava ao auditório, as perguntas que lhe eram dirigidas afastavam-no necessariamente daquilo que para mim, por exemplo, teria sido a única verdade digna de ser conhecida. Não se pode esperar que as autoridades investem o estado de alma de um homem - ou apenas o estado do seu fígado.
O seu dever era chegar às consequências, e, francamente, um magistrado a polícia e dois assessores da marinha não podem pretender chegar mais longe. Não quero significar com isto que aqueles indivíduos fossem estúpidos.