Capítulo XLIII «Tamb' Itam, colocado atrás da cadeira do amo, sentiu-se como que fulminado. Esta declaração produziu uma sensação enorme. 'Deixem-nos partir porque, a meu ver, esta é a melhor solução, e eu nunca vos enganei', insistia Jim. Fez-se silêncio. Do pátio, mergulhado na escuridão, chegavam até eles os murmúrios abafados e o arrastar dos pés da multidão. Doramin levantou a pesada cabeça para dizer que era tão difícil ler no coração dos homens como tocar no céu com a mão, dava o seu consentimento. Os outros deram a sua opinião cada um por sua vez. Diziam: 'É melhor', 'Deixem-nos partir', etc. Mas a maior parte deles limitaram-se a dizer que 'confiavam em Tuan Jim'.
«É nesta simples forma de assentimento à sua vontade que reside o ponto principal da questão: a fé deles, a sinceridade de Jim e a homenagem à sua lealdade era o que o tornava, aos seus próprios olhos, par dos homens impecáveis que nunca tinham abandonado as fileiras. As palavras de Stein - 'É um romântico! É um romântico!' - pareciam ressoar naquelas regiões distantes que não mais o devolverão a um mundo indiferente ao seu fracasso e aos seus méritos, nem àquela ardente e possessiva afeição que, no assombro de uma grande dor e da separação eterna, lhe recusava até a esmola das lágrimas. Desde o momento em que a pura lealdade dos três últimos anos da sua vida alcança a vitória sobre a ignorância, o medo e a cólera dos homens, Jim já não me aparece como o vi pela última vez, um ponto branco a absorver toda a luz fusca derramada sobre uma costa sombria e um mar enegrecido, mas maior e mais digno de piedade na solidão da sua alma, que permanece, mesmo para a jovem que o amava tanto, um cruel e insolúvel mistério.
«É evidente que Jim não desconfiava de Brown; não havia razão para duvidar de uma história cuja verdade parecia atestada por uma rude franqueza, por uma espécie de sinceridade viril na aceitação da moralidade e das consequências dos seus actos.