Capítulo XXXVII «Tudo começou com a notável proeza de um homem chamado Brown, que roubou, com pleno êxito, uma escuna espanhola do uma baía perto do Zamboanga. As minhas informações eram incompletas antes de eu descobrir este indivíduo, mas encontrei-o, por um mero acaso, algumas horas antes de ele entregar a sua alma arrogante. Felizmente, ele estava disposto a falar, entre crises sufocantes de asma, e o seu corpo torturado fremia de alegria maliciosa só do pensar em Jim. Exultava com a ideia do ‘ter destruído esse boneco empertigado’. Ele contemplava com delícia a sua acção, e eu, se queria saber, tinha de suportar o fulgor profundo dos seus olhos ferozes, rodeados de rugas; suportei-o, portanto, pensando em como certas formas do mal são semelhantes à loucura; derivadas de um egoísmo extremo, exacerbados pela resistência, destroçam a alma e dão ao corpo um vigor fictício. A narrativa revela também abismos insuspeitados de astúcia no miserável Cornélio, cujo ódio abjecto e intenso actuou como uma inspiração subtil e lhe apontou, sem errar, o caminho da vingança.
«'Percebi logo, assim que lhe pus a vista em cima, que espécie de idiota ele era', arfava Brown, moribundo. 'Aquilo, um homem? Cos diabos! Era um boneco de palha! Como se o maldito não pudesse ter logo dito: «Tira as patas das minhas rapinas!» Maldito! Assim é que falaria um homem! Ao Diabo a sua alma superior! Ele tinha-me nas mãos, mas não era suficientemente diabólico para dar cabo de mim. Não! Ele, não! Um tipo daqueles, que me deixou escapar como se eu não valesse um pontapé!... ' Brown fazia um esforço desesperado para respirar'... Bandido.... Deixar-me fugir... Afinal, fui eu que acabei por dar cabo dele... ' Brown voltou a sufocar.
'... Julgo que vou morrer, mas agora morro descansado.