Capítulo XXXI «Podem calcular com que interesse o escutava. Só vinte e quatro horas mais tarde é que foi possível perceber o que isto significava. De manhã, Cornélio não fez a mínima alusão aos acontecimentos da noite. 'Espero que voltará à minha pobre casa', resmungou ele num tom áspero no momento exacto em que Jim entrava para a canoa a fim de se dirigir ao campong de Doramin. Jim limitou-se a acenar com a cabeça sem olhar para ele. 'Acha tudo isto divertido, é claro', resmungou o outro num tom acerbo. Jim passou o dia com o velho nakhoda a pregar a necessidade de uma acção vigorosa aos notáveis da comunidade bugi, que tinham sido convocados para uma reunião magna. Recordava com prazer como fora eloquente e persuasivo. 'Consegui incutir-lhes uma certa coragem, nessa altura, sem dúvida', disse ele. A última incursão do xerife Ali devastara as cercanias da colónia, e algumas mulheres, que eram da cidade, tinham sido raptadas para a paliçada. Os emissários do xerife Ali tinham sido vistos no mercado no dia anterior: pavoneavam-se insolentemente nos seus capotes brancos e gabavam-se da amizade do rajá pelo seu chefe, um deles postou-se à sombra de uma árvore e, apoiado no cano comprido da espingarda, exortou o povo à oração e à penitência e aconselhou-o a matar todos os estrangeiros que havia no meio deles, alguns dos quais, dizia ele, eram infiéis e outros pior ainda, filhos de Satã disfarçados de muçulmanos. Contava-se que vários partidários do rajá presentes no auditório tinham exprimido a sua aprovação em voz alta. O terror era imenso entre a populaça. Jim, satisfeitíssimo com o seu trabalho do dia, voltou a cruzar o rio antes do pôr-do-sol.
«Estava tão entusiasmado por ter conseguido que os Bugis se comprometessem irrevogavelmente a entrar em acção e de ser ele o responsável pelo êxito da empresa que, na alegria do seu coração, tentou ser cortês para com Cornélio.