Capítulo XX «Entrei no seu escritório já quase à noite, depois de atravessar uma sala e jantar de proporções imponentes mas vazia e mal iluminada. A casa estava silenciosa. Caminhava precedido por um velho criado javanês carrancudo, vestido com uma espécie de farda composta de um casaco branco e de um sarão amarelo, que abriu a porta, chamou com voz profunda: ‘Patrão’, deu um passo para o lado e desapareceu misteriosamente como um fantasma que tivesse encarnado especialmente para fazer este serviço. Stein voltou-se na cadeira, e este movimento pareceu empurrar-lhe os óculos para z esta. Recebeu-me com a sua voz calma e agradável. Apenas um canto escritório, onde se encontrava a mesa de trabalho, estava iluminado aperte mente por uma lâmpada protegida por um quebra-luz; o resto permanecia na sombra indistinta, com um ar de caverna. Ao longo das paredes iam-se prateleiras estreitas, que não as revestiam até ao tecto mas ficavam - uns quatro pés de altura, como fitas negras, carregadas de caixas escuras, todas iguais na cor e no feitio. Eram as catacumbas dos escaravelhos. Por uma estavam suspensas pequenas placas de madeira em intervalos irregulares, e a luz que caía sobre uma delas permitia ler a palavra Cleoptera escrita em letras de ouro, que brilhavam misteriosamente na vasta penumbra. As ravinas que abrigavam as borboletas estavam dispostas em três longas fileiras sobre mesinhas. Uma dessas vitrinas fora tirada do seu lugar e posta em cima da mesa de trabalho, literalmente coberta de folhas oblongas de papel cheias de uma letra miudinha.
«‘Aqui estou, como vê’, disse ele. Com a mão designava a vitrina onde uma borboleta, na sua grandeza solitária, estendia as asas de sete polegadas, cor de bronze, com delicadas veias brancas e um rebordo sumptuoso de pintas amarelas.