Capítulo XXI «Creio que nenhum dos senhores ouviu falar do Patusan», continuou Iarlow, depois de um silêncio ocupado a acender metodicamente um charuto. «Não tem importância; entre a multidão de corpos celestes que nos cercam durante a noite, há muitos de que os homens nunca ouviram falar porque se encontram fora da esfera das suas actividades e só interessam aos astrónomos que são pagos para falarem sabiamente da sua composição, do seu peso, da sua órbita, das irregularidades da sua trajectória, das aberrações da sua luz, transformados numa espécie de boateiros científicos. Era o que acontecia com o Patusan. Os círculos governamentais de Batávia conheciam-no bem, principalmente pelas suas irregularidades e aberrações, e alguns poucos, muito poucos, o conheciam de nome no mundo mercantil. Mas nunca ninguém lá fora, e desconfio que ninguém tinha vontade de lá ir, exactamente como um astrónomo se insurgiria contra a ideia de ser mandado para um corpo celeste longínquo, onde, separado dos seus emolumentos terrestres, se sentiria atordoado pelo espectáculo de céus desconhecidos. Mas nem os corpos celestes nem os astrónomos têm nada que ver com o Patusan. Jim foi para lá. Eu, com esta conversa, só queria fazer-lhes compreender que se Stein o tivesse mandado para uma estrela de quinta grandeza a mudança não podia ter sido maior. Deixou atrás de si as fraquezas e a reputação que granjeara e partiu para onde podia exercer as suas faculdades de imaginação em condições completamente novas. Completamente novas e notáveis. E foi de maneira notável que ele as manifestou.
«Stein era o homem que sabia mais sobre Patusan. Tenho a impressão de que o conhecia melhor do que os próprios círculos governamentais. Estou certo de que estivera lá, ou nos tempos em que caçava borboletas ou depois, quando, com o seu feitio incorrigível, tentava temperar com uma pitada de romanesco os pratos pesados da sua cozinha comercial.