Capítulo XLIV «Julgo que não voltaram a falar um com o outro. A chalupa penetrou num estreito canal lateral e seguiu-o impelida pelas pás dos remos fincadas nas margens que se esboroavam e onde pairava uma obscuridade, como se enormes asas negras se tivessem estendido por cima do nevoeiro que se espalhava desde as profundezas até aos topos das árvores. Dos ramos inclinados pingavam grossas gotas através da lúgubre neblina. A um murmúrio de Camélia, Brown ordenou aos homens que carregassem as espingardas. 'Vou dar-lhes a oportunidade de liquidar as contas com estes tipos, antes de nos pormos a mexer, cambada de estropiados', disse ele ao bando. 'Tenham cuidado, não a desperdicem, cães.' Estas palavras foram acolhidas com surdos grunhidos. Camélia mostrava grande preocupação e inquietação pela segurança da sua canoa.
«Entretanto, Tamb' ltam atingira o termo da sua viagem. O nevoeiro tinha-o atrasado um pouco, mas remara sem descanso e nunca perdera o contacto com a margem sul. A luz do dia surgiu pouco a pouco, como a incandescência num globo de vidro polido. As margens formavam de cada lado do rio urna mancha negra na qual se podiam distinguir sugestões de formas colunares e, no alto, sombras de ramos torcidos. A névoa ainda era cerrada ao rés da água, mas montava-se boa guarda ao acampamento, pois, assim que Tamb' ltam se aproximou, as silhuetas de dois homens emergiram do nevoeiro e vozes enérgicas interpelaram-no. Ele respondeu, e daí a pouco urna canoa abordou-o. Então contou as novidades aos remadores: tudo estava em ordem; tinham-se acabado as dificuldades. Os homens da canoa retiraram os remos que seguravam o barco de Tamb' Itam e, sem perda de tempo, desapareceram da vista. Ele prosseguiu viagem até ouvir vozes que lhe chegavam suavemente por cima da água, e, através do nevoeiro, que se dispersava em remoinhos, viu o clarão de muitas fogueiras acesas no areal, enquadrado por moutas e grandes árvores esparsas.