Capítulo VIII «Quanto tempo ficou ele completamente imóvel na escotilha, à espera a cada momento de sentir o barco mergulhar debaixo dos seus pés e a torrente de água apanhá-lo pelas costas e agitá-lo como se fosse um pedaço de madeira, não o sei dizer. Não muito tempo - talvez dois minutos. Dois homens que não pôde reconhecer começaram a conversar, sonolentos, e também ouviu um curioso ruído de passos arrastados não sabia onde. Sofre estes sons indistintos pairava aquele horrível silêncio que precede as catástrofes, aquele silêncio difícil do momento anterior ao tumulto; depois veio-lhe à cabeça que talvez tivesse tempo de ir a correr cortar todos os rizes dos cabos, para que os salva-vidas pudessem flutuar quando o barco se afundasse.
«A ponte do Patna era comprida, e ali estavam todos os salva-vidas, quatro de um lado e três do outro - o mais pequeno do lado da portinhola e quase à mesma altura da engrenagem da direcção. Asseverou-me, evidentemente ansioso por que o acreditasse, que tomara sempre todas as medidas para que estivessem prontos a servir de um momento para o outro. Conhecia os seus deveres. Eu aventuro-me a dizer que para essas coisas devia ser um bom imediato. 'Sempre foi crença minha que se deve estar preparado para o pior', comentou, fitando ansiosamente o meu rosto. Aceitei com a cabeça a minha aprovação desse sólido princípio e desviei os olhos diante da subtil alienação do homem.
«Começou a correr com dificuldade. Tinha de saltar por cima de pernas evitar de tropeçar contra as cabeças, De repente, alguém lhe agarrou o casaco por baixo e uma voz angustiada falou-lhe à altura do cotovelo. A luz da lâmpada que levava na mão direita caiu sobre uma face escura voltada para cima cujos olhos suplicavam com a mesma ansiedade da voz.