A princípio, viu três manuscritos diferentes. Um bom número de páginas cobertas de linhas apertadas e presas com grampos, uma folha de papel acinzentado com algumas linhas escritas numa letra que nunca vira antes e uma carta explicativa de Marlow. Desta caiu outra carta amarelecida pelo tempo e puída nas dobras. Apanhou-a e pô-la de lado. Em seguida voltou à mensagem de Marlow e, depois de ter percorrido rapidamente as primeiras linhas, deteve-se para, daí por diante, começar a ler atentamente, como alguém que se aproximasse a passos lentos e de olhos bem abertos de uma terra desconhecida, entrevista de relance.
«...Julgo que ainda não se esqueceu», dizia a carta. «Você foi o único que mostrou algum interesse por aquele que sobrevivia à narração da sua história, embora me lembre bem que não admitia que ele tivesse subjugado o destino. Profetizou-lhe a desgraça do cansaço e da náusea perante a honra conquistada, a tarefa imposta e o amor nascido da piedade e da juventude. Disse-me que conhecia muito bem 'esse género de histórias', com as suas satisfações ilusórias e as suas decepções inevitáveis. Também me disse, vem-me à ideia, que 'consagrar a vida a essa gente' (significando essa gente todas as raças humanas cuja pele é morena, amarela ou negra) 'era como vender a alma a um animal'.