Lord Jim - Cap. 13: Capítulo XII Pág. 146 / 434

Tive o prazer duvidoso de o ir ouvir muitas vezes anos e anos mais tarde, a milhares de milhas de distância, no meio de conversas que nada tinham que ver com ele, chamado pela mais ligeira das alusões. Não veio ele à tona, hoje, entre nós? Sou o único marinheiro aqui. Sou o único para quem é uma lembrança. E no entanto veio à baila. Se dois homens que não se conheciam mas sabiam da história se encontravam acidentalmente algures no mundo, a coisa estalava entre eles, tão fatal como o destino, antes de se separarem. Nunca vira aquele francês na minha vida, e no fim de uma hora despedíamo-nos para sempre; também não parecia muito falador: era um tipo maciço, tranquilo, com uma farda toda amachucada sentado a dormitar com um copo cheio de um líquido escuro, na frente. As dragonas estavam também um pouco baças, as faces barbeadas eram largas e amarelas; tinha o aspecto de um homem que toma rapé - percebem? Não digo que o fizesse; mas era o género de homem que tem esse hábito. Tudo começou quando ele me estendeu por cima da mesa de mármore um número do Home News que eu não tinha vontade de ler. Eu disse: 'Merci. 'Trocámos alguns comentários aparentemente inocentes, e de repente, sem saber como estávamos em cheio nessa história, ele contava-me como tinham ficado tão 'intrigados com aquele cadáver'. Vim a saber que era um dos oficiais que tinham subido a bordo do Patna.

«No estabelecimento onde nos encontrávamos havia toda a qualidade de bebidas estrangeiras para os oficiais navais de passagem. Ele sorveu um pouco daquela coisa que parecia um remédio, e que se calhar era apenas um inofensivo cassis à Peau, e, espreitando com um olho para dentro do copo, abanou ligeiramente a cabeça. 'Impossible de comprendre - vous concevez’, disse com uma curiosa mistura de indiferença e de reflexão.





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