Lord Jim - Cap. 15: Capítulo XIV Pág. 173 / 434

«Mande para o Diabo os rochedos e as tempestades. Olhe para as coisas como elas são. Pense que há lá guano e que os plantadores de cana do Queensland a disputarão - a disputarão no cais. Sou eu que lho digo.»

... Que se há-de fazer com um imbecil?... «Boa piada, Chester», responde ele. Boa piada? Caramba, julguei que ia desatar a chorar. Pergunte aqui ao capitão Robinson .

... E houve também outro armador - um tipo gordo com um colete branco com quem falei em Wellington - que parecia julgar que eu estava a preparar uma vigarice. Diz-me ele: «Não sei se me toma por parvo, mas agora estou muito ocupado. Bom dia,» Apeteceu-me agarrá-lo com as mãos ambas e atirá-lo pela janela do escritório. Mas não o fiz. Afectei uma doçura eclesiástica. «Pense no assunto», disse eu. «Por favor, pense no assunto. Volto cá amanhã.» Resmungou qualquer coisa no género «não estou cá amanhã». Quando me vi na escada, tive vontade de bater com a cabeça nas paredes, de pura humilhação. Aqui o capitão Robinson pode testemunhar. Era horrível pensar que aquela preciosa mercadoria se estava a perder ao s01- quando poderia servir para adubar a cana-de-açúcar e fazê-la crescer até às nuvens. A fortuna do Queensland! A fortuna do Queensland! E em Brisbane, onde fui fazer uma última tentativa, chamaram-me doido. Idiotas! O único homem razoável que encontrei foi o cocheiro que me conduziu de um lado para o outro. Suponho que era um tipo da alta arruinado. Hem? Capitão Robinson, lembra-se de eu lhe ter falado desse cocheiro de Brisbane - não lembra? O tipo tinha um olho extraordinário para o negócio. Viu logo a coisa num instante. Era um verdadeiro prazer falar com ele. Uma noite, depois de um dia infernal de conversas com os armadores, senti-me tão infeliz 'que lhe disse: «Vou-me embebedar.





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