Lord Jim - Cap. 38: Capítulo XXXVII Pág. 360 / 434

Tinha um panamá na cabeça, e rugas profundas sulcavam-lhe as faces. 'Que há de novo?', perguntei-lhe nervosamente. 'O Tamb' Itam está ali... ' 'Venha ver a rapariga. Venha ver a rapariga. Ela está cá', disse ele, dando mostras forçadas de energia. Tentei detê-lo, mas, com uma suave obstinação, não dava ouvidos às minhas perguntas insistentes. 'Ela está cá, ela está cá', repetia ele no meio de grande perturbação. 'Chegaram aqui há dois dias. Um velhote como eu, um estrangeiro... sehen Sie... não pode fazer grande coisa... Venha por aqui... Os corações jovens são implacáveis... ' Via-se que estava possuído de uma terrível angústia. ‘… A força da vida que há neles, a cruel força da vida... ' murmurava ele por entre dentes, enquanto me conduzia através da casa; segui-o, perdido em tristes conjecturas. Na porta do salão barrou-me o caminho. 'Ele amava-a muito?', perguntou, e eu acenei que sim com a cabeça, pois sentia-me tão amargamente desapontado que não arriscava uma palavra. 'É terrível', murmurou ele. 'Ela não me compreende. Não passo de um estranho velhote. Talvez você... ela conhece-o. Fale-lhe. Converse com ela. Não podemos deixar as coisas neste estado. Diga-lhe que lhe perdoe. Foi terrível!' 'Sem dúvida', disse eu, exasperado por me deixarem na ignorância; 'e você, perdoou-lhe?' Ele lançou-me um olhar estranho. 'Já vai saber', retorquiu, e, abrindo a porta, empurrou-me literalmente para dentro do quarto.

«Conhece a grande casa de Stein, com as suas duas enormes salas de recepção, desabitadas e inabitáveis, limpas, cheias de solidão e de coisas brilhantes, que parece nunca terem sido afloradas pelo olhar humano? São frescas nos dias mais quentes e entra-se nelas como se penetrássemos numa cave subterrânea cuidadosamente arrumada.





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