Capítulo 14: Capítulo XIII
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Sem dúvida ele também era egoísta, mas o seu egoísmo tinha uma origem mais alta um objectivo mais elevado. Descobri que, dissesse eu o que dissesse, ele estava ansioso por enfrentar a cerimónia da execução; e não disse muita coisa porque senti que a sua juventude seria um grave argumento contra mim: ele acreditava e eu deixara já de duvidar. Havia qualquer coisa de belo na veemência da sua esperança não explícita e apenas formulada. 'Fugir! Impossível', disse ele, abanando a cabeça. 'Estou a fazer-lhe uma oferta em troca da qual não lhe peço, nem espero, gratidão', disse eu; 'pagará o dinheiro quando lhe convier, e... ' 'Que grande gentileza a sua', murmurou sem levantar os olhos. Observei-o atentamente: o futuro devia parecer-lhe horrivelmente incerto naquele momento; mas ele não vacilava, como se na realidade tivesse um coração forte. Senti-me furioso - e não era a primeira vez naquela noite. 'Este desgraçado caso', disse eu deve ser, creio bastante duro para um homem como você... ' 'É, é', murmurou duas vezes com os olhos pregados no chão. Era de partir o coração. A luz iluminava seu rosto por baixo e eu via-lhe, na penugem das faces, o vermelho a alastrar, quente sob a pele lisa. Acreditem-me ou não, digo que era de parir o coração, e afrontoso. Senti-me incitado à brutalidade. 'Sim', disse eu, ‘e permita-me que lhe confesse que sou totalmente incapaz de imaginar que vantagem pode esperar de beber o cálice até às fezes.' 'Vantagem!', murmurou ele do fundo da sua calma. Diabos me levem se compreendo isto', disse eu enraivecido. ‘Tenho estado a tentar dizer-lhe tudo' continuou ele lentamente, como que a meditar qualquer coisa que não tivesse resposta possível. 'Mas no fim de contas a encrenca é minha.' Abri a boca para responder e descobri de repente que perdera toda a confiança em mim próprio: e foi como se ele também me tivesse abandonado, porque murmurou, como alguém a falar alto sozinho: 'Fugiram.
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