Lord Jim - Cap. 46: Capítulo XLV Pág. 427 / 434

Permaneceu inflexível, e, no isolamento crescente da obstinação, o espírito parecia erguer-se acima das ruínas da sua existência. Ela gritava-lhe aos ouvidos: 'É preciso lutar!', e não conseguia compreender. Não havia nada por que valesse a pena lutar. Jim ia provar o seu poder de outra maneira e vencer a fatalidade do seu próprio destino. Dirigiu-se para o pátio, e atrás dele, Jóia, de cabelos revoltos, rosto alterado, ofegante, saiu aos tombos e apoiou-se ao umbral da porta. 'Abram as portas', ordenou ele. Em seguida voltou-se para os homens que tinham ficado no forte e deu-lhes licença para regressarem a casa. 'Por quanto tempo, Tuan?', perguntou um deles timidamente. 'Por toda a vida', disse ele num tom sombrio.

«Um grande silêncio caíra sobre a cidade, após a explosão de gemidos e de lamentações que varrera o rio como uma rajada de vento vinda do abismo aberto pela dor. Corriam boatos ciciados que enchiam os corações de consternação e de horríveis dúvidas. Os bandidos iam voltar e trariam muitos outros com eles num grande navio, e no país ninguém encontraria um refúgio. Como durante um terramoto, uma sensação de total insegurança penetrava o coração dos homens, que sussurravam as suas suspeitas e olhavam uns para os outros como se se encontrassem em presença de algum terrível presságio.

«O Sol declinava para a banda das florestas quando trouxeram o corpo de Dain Waris para o campong de Doramin. Quatro homens transportavam o cadáver, coberto piedosamente com um lençol branco que a velha mãe tinha enviado para o regresso do filho. Depuseram-no aos pés de Doramin, e o velho ficou sentado durante muito tempo; com as mãos apoiadas nos joelhos e os olhos fitos no chão. As palmeiras ondulavam suavemente e a folhagem das árvores de fruto agitava-se por cima da cabeça dele.





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