Lord Jim - Cap. 46: Capítulo XLV Pág. 429 / 434

«Nesta altura, Jim, apoiado numa carreta de canhão, olhava para o rio, de costas para a casa; no limiar, a jovem, ofegante como se tivesse parado de repente a meio de uma corrida, quedara-se a olhar para ele através do pátio. Tamb' Itam, de pé a pouca distância do amo, esperava pacientemente o que ia acontecer. Subitamente, jim, que parecia mergulhado em pensamentos tranquilos, voltou-se para ele e disse: 'É tempo de acabarmos com isto.

«'Tuan?', disse Tamb' Itam, que avançou alegremente. Não sabia o que o amo queria dizer, mas, assim que Jim fez um movimento, a jovem deixou o lugar onde se encontrava e desceu para o espaço livre. Parece que mais nenhuma das pessoas da casa estava presente. Ela cambaleava um pouco e, a meio caminho, chamou por Jim, que, aparentemente, retomara a pacífica contemplação do rio. Ele deu meia volta e encostou-se ao canhão. 'Não queres lutar?', gritou ela. 'Não há nada por que valha a pena lutar', disse ele, 'nada está perdido.' Ao dizer isto, deu um passo para ela. 'Queres fugir?', gritou ela de novo. 'Não há fuga possível', disse ele, e parou de repente, enquanto a jovem, imóvel e silenciosa, o devorava com os olhos. 'Então vais ter com eles?', disse ela lentamente. Jim baixou a cabeça. 'Ah!', exclamou ela como se o espreitasse, 'ou estás louco, ou és um mentiroso. Lembras-te da noite em que te supliquei que me deixasses e me disseste que não podias? Que era impossível! Impossível! Lembras-te de dizer que nunca me deixarias? Porquê? Não te exigi promessas. Lembra-me que mo prometeste sem que to pedisse.' 'Basta, minha querida', disse ele. 'Não mereço que me queiram.'

«Tamb' Itam contou-me que, enquanto falavam, ela era acometida de acessos de riso descontrolado, como alguém que estivesse a contas com o espírito de Deus.





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