«Assim, passado muito pouco tempo vi o seu vulto monstruoso descer a escada a toda a pressa e imobilizar-se nos degraus exteriores. Parara mesmo ao meu lado para se entregar a uma profunda meditação: as suas grandes faces vermelhuscas tremiam. Estava a mordiscar um dedo; passado um momento, reparou em mim e deitou-me de lado um olhar onde se lia o vexame. Os outros três rapazes que tinham desembarcado com ele formavam um pequeno grupo e mantinham-se à espera, a uma certa distância. Um deles era um sujeito pálido, pequeno, insignificante, com um braço ao peito, outro um indivíduo alto, com um casaco de flanela azul, seco como um galho e magro como o cabo de uma vassoura, com um bigode grisalho murcho, que olhava à volta com um ar de imbecilidade jovial. O terceiro era um jovem, direito, espadaúdo, com as mãos nos bolsos e de costas voltadas para os outros dois, que pareciam falar um com o outro com gravidade. Fitava o espaço para além da esplanada vazia. Uma traquitana desconjuntada coberta de pó e com as cortinas cerradas estacou mesmo em freme do grupo, e o condutor pôs o pé direito em cima do joelho e entregou-se a um exame crítico dos dedos. O jovem, imóvel, sem um movimento sequer da cabeça, continuava a evitar o espaço em plena claridade.