Capítulo 6: Capítulo V
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Foi a primeira vez que os seus olhos viram Jim. Tinha um ar tão despreocupado e tão distante como só a juventude pode ter. Ali estava ele, bem proporcionado, as feições nítidas, firmemente apoiado nas pernas, um dos rapazes mais esperançosos que jamais viveram debaixo da luz do Sol. E ao olhar para ele, sabendo tudo o que ele sabia e mais ainda, sentia-me furioso como se o tivesse apanhado a tentar extorquir-me alguma coisa com falsos pretextos. Não tinha o direito de parecer tão perfeito e tão forte. Pensei para mim: bem, se um rapaz destes é capaz de fracassar desta maneira. ., e tive vontade de atirar o chapéu para o chão e de o espezinhar, tão mortificado me sentia, como vira fazer um dia a um capitão de um navio italiano porque o pateta de um dos seus marinheiros se atrapalhou ao lançar a âncora num ancoradouro cheio de navios. Vendo-o tão à vontade, pelo menos aparentemente, perguntava a mim mesmo: é um imbecil?, está já endurecido? Parecia que ia começar a assobiar uma cantiga. E reparem que eu me estava nas tintas para o comportamento dos outros dois. As suas personalidades ajustavam-se perfeitamente à história que caíra no domínio público e que ia ser objecto de um inquérito oficial. 'O maluco do velho lá em cima chamou-me cão, o malandro', disse o capitão do Patna. Não sei se me tinha reconhecido, mas creio que sim; de qualquer maneira, os nossos olhares cruzaram-se. O dele faiscou - eu sorri; «cão» fora o epíteto mais suave que chegara aos meus ouvidos através da janela aberta. 'Ah, chamou?', disse eu, estranham ente incapaz de refrear a língua. Acenou com a cabeça, mordiscou outra vez o dedo, praguejou baixo; depois levantou a cabeça e olhou para mim com um descaramento raivoso e sombrio: 'Que importa! O Pacífico é grande, meu amigo.
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Páginas: 434
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