Capítulo 8: Capítulo VII
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Jim começou muito tranquilamente a contar a sua história. Logo depois do primeiro dia a bordo do navio da Dale Line que recolhera aqueles quatro homens quando vogavam num salva-vidas, no meio do brilho discreto de um pôr do Sol no mar, começaram a ser olhados de esguelha. O gordo capitão contou uma história qualquer, os outros conservaram-se silenciosos, e a história primeiramente foi aceite. Ninguém vai interrogar demoradamente os pobres náufragos que teve a sorte de salvar, se não de morte cruel, pelo menos de um cruel sofrimento. Mais tarde, depois de terem tido tempo de a meditar, uma ideia deve ter assaltado a mente dos oficiais do Avondale, a de que havia qualquer coisa 'que não colava' nesse assunto; mas, é claro, não disseram nada. Tinham recolhido o capitão, o imediato e dois maquinistas do navio a vapor Patna, afundado no mar, e isto, muito decentemente, chegava-lhes. Não fiz perguntas a Jim sobre a natureza dos seus sentimentos durante os dez dias que passou a bordo. Pela maneira como narrou esta parte da história, senti poder deduzir que ele os passou em parte atordoado pela descoberta que fizera - a descoberta de si próprio - e, sem dúvida também, a esforçar-se por tentar dar uma explicação satisfatória do assunto ao único homem capaz de avaliar a sua tremenda dimensão. Notem que ele não procurou minimizar a sua importância. Disso estou eu certo; e nesse ponto reside a diferença que o distingue. Quanto às sensações que experimentou quando, ao desembarcar, ouviu a conclusão inesperada da história em que tão deploravelmente tomara parte, nada me disse, e são difíceis de imaginar. Gostava de saber se não teria sentido o chão faltar-lhe debaixo dos pés. Pergunto-o a mim próprio. Mas depressa arranjou um novo apoio.
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