«Ele estava de pé na ponte a estibordo, tão longe quanto possível da luta pelo salva-vidas que continuava com o frenesim da loucura e o segredo de uma conspiração. Os dois malaios não tinham largado o leme. Procurem imaginar a figura dos actores neste episódio, graças a Deus, único na história do mar, quatro fora de si, num esforço feroz e secreto, e três com os olhos fitos no espaço à sua frente, numa imobilidade completa, acima dos toldos que cobriam a profunda ignorância de centenas de seres humanos com o seu cansaço, os seus sonhos e as suas esperanças, detidos, seguros por uma mão invisível à beira do aniquilamento. Porque não tenho dúvida nenhuma de que o estavam; dado o estado em que se encontrava o barco, era a de Jim a descrição do desastre mais fatal que podia acontecer. Os patifes, atarefados com o salva-vidas, tinham todas as razões para enlouquecer de pavor. Se eu estivesse a bordo, não daria um tostão furado pela probabilidade que o barco tinha de continuar a navegar. E no entanto flutuava! Os peregrinos, entregues ao sono, estavam destinados a cumprir integralmente a sua peregrinação até à amargura de um fim diferente.