Capítulo 16: Capítulo XV
Página 180
É isso! Retirar-se, ficar sozinho com a sua solidão. Caminhava ao meu lado muito calmo, a olhar para aqui e para ali, e voltou uma vez a cabeça para observar um bombeiro. Sidiboy com um casaco de abas compridas e calças amarelas, cujo rosto negro brilhava, sedoso, como um bocado de antracite. No entanto, duvido que ele tivesse visto alguma coisa, ou que estivesse consciente da minha companhia, porque, se eu o não tivesse empurrado aqui para a direita, ou puxado acolá para a esquerda, creio que teria continuado a caminhar em frente, numa direcção qualquer, até esbarrar com uma parede ou outro obstáculo. Conduzi-o para o meu quarto e sentei-me para escrever cartas, imediatamente. Este era o único sítio na Terra (fora, talvez, o recife de Walpole - de acesso, no entanto, mais difícil) onde se podia explicar consigo mesmo sem ser incomodado pelo resto do universo. Aquele maldito caso - como ele dissera - não o tornara invisível, mas eu comportei-me exactamente como se assim tivesse acontecido. Logo que me sentei, inclinei-me sobre a minha secretária, como um copista medieval, e, salvo o movimento da mão, permaneci ansiosamente quieto. Não posso dizer que estivesse assustado, mas fiquei parado como se no quarto alguma coisa de perigoso me saltasse em cima ao primeiro esboço de movimento que fizesse. Não havia ali muita coisa - sabem como são os quartos desse género: uma espécie de cama com baldaquino e o seu mosquiteiro, duas ou três cadeiras, a mesa onde estava a escrever, o chão sem tapete. Tinha uma janela que abria para uma varanda alta, e ele ficou junto dela a enfrentar um momento difícil, na mais completa solidão. A tarde caía; acendi uma vela com a maior economia possível de movimentos e com prudência como se fosse uma acção proibida.
|
|
 |
Páginas: 434
|
|
|
|
|
|
Os capítulos deste livro:
|
|
|