Lord Jim - Cap. 15: Capítulo XIV Pág. 172 / 434

Deixei-o a tomar o pequeno almoço no hotel para vir ao tribunal, porque tenho uma ideia... - Ah! Bom dia, capitão Robinson. - Um amigo meu, capitão Robinson.'

«Um ancião macilento com um ar patriarcal metido num fato de brim branco, com um chapéu de fibra com uma pala verde na cabeça trémula de velho, juntou-se a nós depois de atravessar a rua com passinhos arrastados e saltitante, e ficou de pé, apoiado com as duas mãos no cabo de um chapéu de chuva. Tinha uma barba branca abundante, com fios de âmbar, que lhe chegava até à cintura. Piscava os olhos para mim, uns olhos com pálpebras todas enrugadas, com um ar desnorteado. 'Como está? Como está?', dizia amavelmente, num tom esganiçado e titubeando. 'Está um pouco surdo', disse Chester em voz baixa. 'Arrastou-o através de seis mil milhas para apanhar um barco barato?', perguntei eu. 'Far-lhe-ia dar duas vezes a volta ao mundo num abrir e fechar de olhos', disse Chester com uma energia feroz. 'Esse barco vai fazer a nossa fortuna, meu amigo. Que culpa tenho eu de os capitães e os armadores, em toda a bendita Austrália, serem uns parvos? Uma vez tive uma conversa de uma hora com um deles em Auckland.

Mande um barco», disse eu, «mande um barco e eu dou-lhe metade do primeiro carregamento - ofereço-lho só para começar bem o negócio.» Responde-me ele: «Não o mandava nem que não houvesse outro lugar no mundo para mandar um barco.» Estúpido. Dizia que havia os rochedos, as correntes, falta de sítio para ancorar, voltava ainda com o pretexto dos rochedos abruptos, que nenhuma companhia de seguros queria correr esse isca, e que não via maneira de se fazer ali um carregamento em menos de três anos. Estúpido! Quase me pus de joelhos diante dele. «Mas veja as coisas como elas são», disse eu.





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