Lord Jim - Cap. 15: Capítulo XIV Pág. 175 / 434

Fiquei sem cheta porque quis montar a coisa sozinho. Mas espere um pouco, espere um pouco. A minha hora chegará.'... Pareceu de repente espantado por eu estar a dar sinais de impaciência. 'Ora bolas!', gritou. 'Estou a falar-lhe do maior negócio que jamais se fez, e você... ' 'Tenho um encontro marcado', desculpei-me eu timidamente. 'E depois?', perguntou com autêntica surpresa. 'Que espere.' 'É o que está a acontecer', exclamei; 'não seria melhor dizer já o que quer?' 'Quero poder comprar vinte hotéis como esse', resmungou entre dentes; 'e todos esses pândegos que lá estão hospedados - comprá-los vinte vezes.' Levantou vivamente a cabeça. 'Preciso desse rapaz.' 'Não compreendo', disse eu. 'Ele está liquidado, não está?', disse Chester num tom decisivo. 'Não sei', protestei. 'O quê? Então não me disse que ele levava a coisa a sério?', insistiu. 'Bem, na minha opinião um rapaz que... De qualquer maneira, não pode já fazer grande coisa; mas eu ando, como vê, à procura de alguém e tenho um trabalho que lhe deve convir: um emprego na minha ilha.' Fez com a cabeça um sinal significativo. 'Vou pôr lá quarenta trabalhadores - ainda que tenha de os raptar, porque naturalmente há lá trabalho a fazer. Oh! Farei as coisas bem feitas: mandarei construir um barracão de madeira com telhado de chapa ondulada; conheço um homem em Hobart que me aceitará uma letra de crédito, a seis meses, para comprar os materiais. Palavra de honra. Depois há o problema da água. Tenho de correr tudo por aí para encontrar alguém que me venda a crédito meia dúzia de reservatórios em segunda mão. Para apanhar a água da chuva, está a ver? Dou-lhe o lugar de capataz, de chefe dos trabalhadores. 'É boa ideia, não é? Que diz?' 'Mas passam-se anos inteiros sem que caia uma gota de água em Walpole', respondi, espantado de mais para ter vontade de rir.




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