Lord Jim - Cap. 19: Capítulo XVIII Pág. 200 / 434

' Atravessou a sala e veio ao pé de mim. 'Um velho admirável', disse. 'Como poderia eu... como teria eu a coragem...? Crispou os lábios. ‘Aqui, não tem importância.’ ‘Oh!, seu… seu…’, comecei eu a dizer, e dava voltas à cabeça para encontrar uma palavra, mas antes de perceber que nenhuma se lhe ajustava exactamente ele desaparecera. Ouvi lá fora a voz suave e grave de Egström a dizer, bem-humorado: 'Oh, é o Sarah W. Granger, Jimmy. Tem de se arranjar para ser o primeiro a chegar a bordo'; e logo a seguir Blake interveio, a gritar como uma catatua furiosa: 'Diga ao capitão que tem aqui correspondência para ele. É a melhor maneira de o trazer para cá, está a ouvir, Sr. Fulano de tal?' E a seguir ouvi Jim a responder a Egström, e a sua voz tinha qualquer coisa de infantil. 'Muito bem. Vou dar uma corrida.' Parecia compensar-se do tédio do seu emprego a manobrar o seu barco à vela.

«Não o voltei a ver durante essa viagem, mas na seguinte (o meu contrato era de seis meses) fui ao armazém. A dez metros da porta já se ouvia a voz de Blake a descompor o sócio, e quando entrei lançou-me um olhar e aflição extrema; Egström, todo sorrisos, veio ao meu encontro, com larga mão ossuda aberta. 'Estou muito satisfeito de o ver, capitão... Sssch… Já tinha pensado que devia estar a passar por aqui. Que diz? .. Sssch… Oh!, ele deixou-nos. Venha para a sala.'... Uma vez a porta fechada, a voz de Blake chegava-nos muito enfraquecida, como a voz de alguém a dar tremendas descomposturas em pleno deserto... 'Prejudicou-nos muito e não se comportou bem connosco - devo dizê-lo... ' 'Para onde foi ele? Sabe?', perguntei. 'Não. E não vale a pena perguntar', disse Egström, de pé a minha frente, com as suas grandes suíças, muito amável, os braços desajeitadamente caídos e uma cadeia de relógio finíssima presa muito em baixo sobre um colete de sarja azul.





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