Lord Jim - Cap. 37: Capítulo XXXVI Pág. 352 / 434

Você afirmava que 'esse género de atitudes' só era tolerável e duradouro quando baseado numa sólida fé na verdade de ideias próprias da nossa raça em cujo nome se estabeleceu a ordem e a moralidade de um progresso ético. 'Precisamos da força dessas ideias para nos servir de apoio', disse-me você. 'Temos necessidade de acreditar na necessidade e na justiça delas para fazer um sacrifício válido e consciente das nossas vidas. Sem elas o sacrifício não passa de esquecimento, e a vida do holocausto não vale mais do que a da perdição.' Por outras palavras, você mantinha que devemos lutar nas fileiras, ou então as nossas vidas não contam. É possível! Você deve sabê-lo, seja dito sem malícia, já que foi capaz de entrar sozinho num ou dois lugares e sair habilmente, sem queimar as asas. Mas a questão é que, entre toda a humanidade, Jim não tinha de tratar senão consigo mesmo, e pode-se perguntar se, afinal de contas, a fé que ele confessava não era mais alta do que as leis da ordem e do progresso.

«Não afirmo nada. Talvez você possa pronunciar-se sobre o assunto, depois de ter lido o que lhe mando. Em suma, há muita verdade na expressão vulgar 'sob uma nuvem'. É impossível distingui-lo nitidamente, sobretudo porque lhe lançamos o último olhar através de olhos estranhos. Não hesito em comunicar-lhe tudo o que sei do último episódio que, como ele costumava dizer, tinha 'vindo ter com ele'. É caso para perguntar se esta não seria a última oportunidade, a derradeira prova, decisiva, da qual sempre suspeitei que ele estivesse à espera, para poder depois enviar uma mensagem ao mundo impecável. Lembra-se de que, no momento em que o deixava pela última vez, ele me perguntou se eu voltava em breve para a metrópole e, de repente, me gritou: 'Diga-lhes.





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