«Ela reconheceu-me imediatamente, e, assim que me detive e baixei os olhos sobre ela, disse, num tom tranquilo: 'Ele deixou-me, vocês deixam-nos sempre... para seguirem o vosso caminho.' O seu rosto conservava-se sombrio. Todo o calor vital parecia ter-se refugiado nalgum ponto inacessível do peito. 'Teria sido fácil morrer com ele', prosseguiu, e fez um ligeiro gesto de cansaço, como se renunciasse ao incompreensível 'Ele não queria! Era como uma cegueira... e contudo era eu que falava com ele; era eu que estava em frente dos seus olhos; era para mim que ele olhava todo o tempo. Ah!, vocês são duros, falsos, pérfidos, impiedosos. Que é que vos torna tão maus? Ou será que vocês são todos loucos?'
«Peguei-lhe na mão, que não correspondeu ao meu aperto, e, quando a larguei, ficou pendente. Aquela indiferença, mais terrível do que as lágrimas, os gritos e as censuras, parecia desafiar o tempo e as consolações. Sentia-se que nada do que se pudesse dizer atingiria o centro daquela dor muda e enternecedora.