Lord Jim - Cap. 6: Capítulo V Pág. 47 / 434

Eu observava aquele jovem. Gostava do seu aspecto; conhecia o seu aspecto; era de boa cepa; era um de nós. Ele ali estava de pé, representante da sua raça, representante de homens e de mulheres nem inteligentes nem divertidos, mas cuja existência inteira se baseia numa fé sincera e num instinto de coragem. Não falo da coragem militar ou da coragem civil ou de qualquer género especial de coragem. Falo exactamente dessa capacidade inata para olhar as tentações de frente - uma disposição sabe Deus quão pouco intelectual, mas que não toma atitudes; uma capacidade de resistência, estão a ver, pouco atraente, se quiserem, mas inestimável - uma inflexibilidade irracional e abençoada ante os horrores exteriores e interiores, ante o poder da natureza e a tentadora corrupção dos homens - apoiada por uma fé, invulnerável à força dos factos, ao contágio do exemplo, à solicitação das ideias. Diabos levem as ideias! São vadias, vagabundas, que batem à porta das traseiras do pensamento, levando cada uma delas um pouco da nossa substância, roubando migalhas daquela crença em meia dúzia de noções muito simples a que temos de nos agarrar se quisermos viver com decoro e se quisermos que a morte nos seja fácil!

«Tudo isto não tem nada que ver directamente com Jim; mas ele era por fora tipicamente desse género de gente boa e estúpida que nós gostamos de ver avançar na vida ao nosso lado, daquele género que as fantasias da inteligência não perturbam, nem as depravações dos... dos nervos, diga nos. Era o género de tipo a quem qualquer pessoa entregaria facilmente '"- direcção do convés, profissional e metaforicamente falando, baseada apenas na sua aparência exterior. Digo que o faria e sei o que digo. Não industriei eu bastantes jovens, no





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