Ele contava: «Apenas vi a cabeça a flutuar ao sabor das ondas, lancei rapidamente o croque, ferrei-o, cravei-o, apanhei-o pelas calças; quase fui pela borda fora, e já me parecia que ia mesmo quando o velho Symons largou a cana do leme e me agarrou as pernas - o barco quase se ia afundando. O velho Symons é um tipo às direitas. Quero lá saber que seja irritadiço connosco! Rogou-me pragas durante todo o tempo que me segurou a perna, mas era a sua maneira de me dizer que não largasse o croque. O velho Symons é tremendamente irritável- não é? Não... não foi o rapazinho louro... foi o outro, o grandalhão com a barba. Quando o puxámos para dentro do barco gemia: 'Ai, a minha perna! Ai, a minha perna', e revirava os olhos. Imaginem um tipo com aquele arcaboiço a desmaiar como uma menina! Algum de vocês acha que desmaiava por causa dá picadela de croque? Eu não. Entrou-lhe na perna até aqui.» E mostrava o croque que tinha levado para baixo de propósito e que produzia sensação. «Não, que disparate!... Não estava preso pela carne - estava preso pelas calças. Deitou muito sangue, está claro.»
Jim considerou esta conversa uma exibição ridícula de vaidade. A tempestade tinha dado uma mostra de heroísmo, tão falso como o seu próprio pretendido terror. Sentia-se furioso com a desordem brutal do céu e da terra porque o tinham apanhado desprevenido e estorvado injustamente a sua generosa propensão para escapar a perigos por uma unha negra. Por outro lado, estava bastante satisfeito com o facto de não ter tomado lugar no escaler, visto que fora afinal uma façanha de pouca monta. Ele aprendera mais do que aqueles que a tinham levado a cabo. No dia em que todos se esquivassem ao perigo, nesse dia - estava absolutamente certo disso só ele saberia como comportar-se perante as falsas ameaças dos ventos e dos mares.