Capítulo 15: Capítulo XIV
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Mas também não esperava sair de lá tão horrivelmente deprimido. A dureza do seu castigo estava na atmosfera gélida e mesquinha que o rodeava. A verdadeira importância do crime está em ser uma deslealdade para com a comunidade dos homens, e desse ponto de vista ele era um grande traidor, mas a sua execução não passava de um incidente sem importância. Não se via o patíbulo, nem panejamentos vermelhos (teriam panejamentos vermelhos em Tower Hill? Devem ter tido), nem uma multidão muda de pavor, horrorizada em quem se inculcasse o pavor do crime daquele homem e que se comovesse até às lágrimas com o seu destino - nem tinha sequer o ar de uma sombria retribuição. Havia, enquanto eu caminhava, a luz clara do Sol, uma luminosidade ardente de mais para ser uma consolação, as ruas cheias de um colorido desordenado como o de um caleidoscópio avariado: amarelos, verdes, azuis, brancos ofuscantes, a nudez escura de um ombro, um carro de bois com toldo vermelho, uma companhia de infantaria formada por nativos de uniforme pardo e cabeças escuras, com os pés metidos em botas de atacadores, poeirentas, um polícia indígena num uniforme escuro pequeno para ele, apertado com um cinto de couro, que me olhou com um olhar de piedade todo oriental, como se o seu espírito migratório sofresse insuportavelmente com esta inesperada - como lhe chamam eles? -... com este avatar... com esta encarnação. Os aldeões ligados ao caso de assalto estavam sentados num grupo, à sombra de uma árvore solitária no pátio, e formavam um conjunto pitoresco semelhante a uma cromolitografia de um acampamento num livro de viagens no Oriente. Notava-se a falta da pequena coluna de fumo, obrigatória em primeiro plano, e os animais de carga a pastar. Por detrás da árvore, mais alta do que ela, uma parede nua, amarela, reflectia o clarão do Sol.
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