O Governo confiava na sua discrição, estando assente que ele tomava a responsabilidade dos riscos. Os homens que ali empregava também sabiam isto, mas ele certamente recompensava-os bem. Foi perfeitamente franco comigo enquanto conversávamos na manhã seguinte ao pequeno-almoço. Segundo as últimas notícias que recebera (havia treze meses, precisou), a insegurança era total quanto às vidas e quanto aos bens. Encontravam-se ali e luta forças inimigas, uma delas representada pelo rajá Allang, o pior de tios do sultão, que, como governador da zona do rio, praticava toda a qualidade de exacções e de roubos e vexava os nativos malaios com uma ferocidade extrema, os quais, sem defesa,nem sequer tinham o recurso da emigração, emigração, porque, como dizia Stein, ‘para onde haviam de ir e como?’ Certamente nem o desejo tinham de partir. O mundo (que está cercado por altas montanhas intransponíveis) foi dado como um dom às altas personagens para que o governem, e eles conheciam este rajá e sabiam que pertencia à casa real do país. Tive um dia o prazer de travar conhecimento como este cavalheiro. Era um velho baixinho, sujo, cansado, com os olhos maus e a boca mole, que engolia uma pílula de ópio de duas em duas horas, desprezando o sentido mais elementar da decência, usava descoberta a cabeça, onde os cabelos caíam em farripas desgrenhadas sobre o rosto encardido e mirrado. Para dar audiência subia para um pequeno estrado estreito, levantando numa sala com o aspecto de um palheiro em ruínas, com o chão de bambu já podre, através de cujas fendas se viam, doze ou treze pés mais abaixo, montes de lixo e de detritos de toda a espécie atirados para debaixo da casa. Foi assim que nos recebeu quando lhe fui fazer uma visita de cerimónia acompanhado de Jim.