homens tanta firmeza nos empreendimentos e uma tão cega persistência no esforço e nos sacrifícios; porque os que assim se aventuravam expunham as suas vidas e pessoas, arriscavam tudo o que tinham por uma bem pequena recompensa, e deixavam os ossos insepultos em praias distantes, enquanto a riqueza ia parar às mãos dos que tinham ficado na pátria. Parecem-nos gigantes a nós, seus sucessores menos duramente experimentados, não como comerciantes, mas como instrumentos de um destino fixado de antemão; era para obedecer a uma voz interior, a um impulso latente no sangue, ao sonho de um futuro, que eles se aventuravam no desconhecido. Eram prodígio e estavam preparados, temos de o confessar, para receber o maravilhoso. Registaram-no com prazer nas narrativas dos seus sofrimentos, na descrição dos mares e dos costumes de nações estranhas, na glória de monarca, poderosos.
«No Patusan encontraram pimenta em grandes quantidades e ficara impressionados com a magnificência e a sabedoria do sultão; mas, não se sabe porquê, depois de um século de intercâmbio, o comércio do país foi gradualmente abandonado. Talvez a pimenta se tivesse esgotado. Fosse por que razão fosse, ninguém se preocupa agora com isso; os tempos gloriosos terminaram, o sultão actual é um adolescente imbecil com dois polegares na mão esquerda que extorque a uma população miserável um rendimento pequeno e incerto que lhe é roubado pelos seus numerosos tios.
«Fora Stein quem me contara tudo isto, está claro. Deu-me os nomes dos tios e um resumo das suas vidas e do carácter de cada um. Estava também informado como o Governo sobre os Estados indígenas, mas era muito mais divertido. Ele tinha de saber. Comerciava com muitos deles, e nalguns pontos, no Patusan, por exemplo, a sua firma era a única que tinha lá uma agência por autorização especial das autoridades holandesas.