Capítulo 31: Capítulo XXX
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Stein. O espectáculo das suas caretas abjectas, disse-me Jim, era difícil de suportar; puxava pelos cabelos, batia no peito, balançava-se para a frente e para trás com as mãos sobre a barriga e até fingia derramar lágrimas. 'Que o seu sangue recaia sobre a sua cabeça', guinchou ele por fim, saindo precipitadamente. Seria curioso saber até que ponto Cornélio era sincero nesta comédia. Jim confessou-me que não tinha pregado olho depois de o tipo se ter ido embora. Deitado de costas numa esteira delgada estendida sobre o soalho de bambu, tentava maquinalmente distinguir as vigas a descoberto e escutava os ruídos da cabana em ruínas. Uma estrela cintilou de repente através de um buraco no tecto. Um turbilhão redemoinhava no seu cérebro; contudo, foi justamente naquela noite que amadureceu o plano para vencer o xerife Ali. Fora este sempre o objecto dos seus pensamentos em todas as horas que não gastava na investigação inútil dos negócios de Stein, mas a resolução do problema, segundo ele, ocorreu-lhe de súbito naquele momento. Ele via já, por assim dizer, os canhões montados no alto da colina. Acabou por se sentir excitado e febril estendido na esteira; agora, mais do que nunca, não podia pensar em dormir. Pôs-se de pé de um salto e saiu descalço para a varanda. Andava sem fazer barulho e encontrou a jovem, imóvel contra a parede, como se estivesse de sentinela. Era tal o seu estado de espírito que não se surpreendeu por a ver levantada, nem ainda por a ouvir perguntar num murmúrio ansioso onde poderia estar Cornélio. Respondeu simplesmente que não sabia. Ela gemeu um pouco e perscrutou o campong. Tudo parecia tranquilo. Estava de tal maneira possuído pelo seu projecto e tão cheio dele que não pôde deixar de contar tudo à rapariga imediatamente.
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Páginas: 434
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