Após curta demora, alguns homens de Tunku Allang levaram uma escassa provisão de arroz, pimentas e peixe seco, o que era incomensuravelmente melhor do que nada. Mais tarde, Camélia voltou acompanhado de Kassim, que avançava com um ar de plena confiança, jovial, em sandálias, e embuçado do pescoço aos tornozelos num pano azul-escuro. Apertou discretamente a mão de Brown, e os três puseram-se de parte a conferenciar. Recobrada a confiança em si mesmos, os homens davam palmadinhas nas costas uns dos outros e lançavam olhares inteligentes ao seu capitão enquanto se ocupavam dos preparativos para cozinhar.
«Kassim detestava Doramin e os seus Bugis, mas ainda odiava mais o novo estado de coisas. Viera-lhe à ideia que estes brancos, unidos aos partidários do rajá, podiam atacar e vencer os Bugis antes do regresso de Jim. Então - raciocinava ele - seguir-se-ia fatalmente uma defecção em massa dos habitantes da cidade, acabando o reinado do homem branco que protegia os pobres. Em seguida tratariam destes novos aliados, que não tinham amigos. O sujeito era perfeitamente capaz de reconhecer a diferença de caracteres e já vira bastantes brancos para saber que estes recém-chegados eram proscritos, homens sem pátria. Brown conservava uma atitude severa e imperscrutável. Quando ouviu pela primeira vez a voz de Cornélio, pedindo para lhe falar, ficara simplesmente esperançado em arranjar maneira de escapar. Em menos de uma hora, outros pensamentos lhe fervilhavam na cabeça. Impelido por uma extrema necessidade, viera para roubar comida, algumas toneladas de borracha ou de goma, talvez uma mão-cheia de dólares, e encontrara-se enredado em perigos mortais. E agora, em consequência das propostas de Kassim, começava a pensar em roubar o país inteiro.