'Veio ver o seu homem, capitão? Creio que lhe poderemos dar alta amanhã. O pior é que estes patetas não sabem tomar conta de si próprios. É verdade, temos aqui o maquinista-chefe daquele barco de peregrinos. Um caso curioso.
Delirium tremens da pior espécie. Esteve a beber como um odre naquele bar do grego, ou do italiano, durante três dias. Que é que se podia esperar? Quatro garrafas do tal brande por dia, segundo me disseram. Fantástico, se é verdade. Diria que o homem parece revestido de ferro .?or dentro. A cabeça, ah!, a cabeça, é claro, não resistiu, mas o que é curioso é que há uma espécie de método no seu delírio. Ando a ver se descubro. raríssimo, este fio de lógica num caso de
delirium destes. Normalmente devia ver serpentes, mas não. A boa tradição está muito por baixo, hoje em lia. Eh! Nas suas... eh... visões vê batráquios. Ah! Ah! Não, a sério, não me lembro de alguma vez ter estado tão interessado num caso de
delirium tremens. Ele devia ter ido desta para melhor depois desta alegre experiência. Oh!, é rijo. Vinte e quatro anos nos trópicos, isso também conta. Devia ir, dar-lhe uma espreitadela. É um velho beberrão com um ar nobre. O homem mais extraordinário que jamais encontrei, do ponto de vista médico. Não quer vê-lo?'
«Eu dera até aí os sinais de interesse, de pessoa bem educada, mas agora, :comando o ar de quem lastima muito, murmurei algumas palavras sobre a. falta de tempo e apertei a mão do médico a correr. 'Olhe', gritou-me de longe, de não pôde depor no inquérito. Acha que a sua deposição era essencial?'
«'De maneira nenhuma', respondi do portão.»