O juiz era muito paciente. Um dos assessores, capitão de um barco veleiro, tinha uma barba ruiva e uma pia disposição. O outro era Brierly. O Grande Brierly. Alguns dos senhores devem ter ouvido falar do Grande Brierly - o capitão do melhor navio da Blue Star Line. O próprio.
«Parecia colossalmente aborrecido pela honra que lhe fora imposta.
Nunca na sua vida cometera um erro, nunca tivera um acidente, nunca tivera um azar, nunca tivera um contratempo no avançar da sua carreira, e parecia ser um daqueles indivíduos felizes que não sabem o que é indecisão, muito menos o que é a desconfiança de si próprios. Aos 32 anos tinha um dos melhores comandos na marinha mercante nos mares do Oriente e, o que mais é, considerava muito importante o que tinha. Não há nada como isto no mundo, e creio que, se lho perguntassem, sem rebuços confessaria que na sua opinião não havia nenhum comandante que chegasse aos seus calcanhares. A escolha recaíra no homem indicado. O resto dos homens que não comandavam o Ossa, navio de aço de uma velocidade de dezasseis nós, eram apenas pobres criaturas. Salvara vidas no mar, socorrera barcos em perigo, tinha um cronómetro de ouro oferecido pelos agentes da companhia de seguros e um binóculo com uma inscrição apropriada enviado por um governo estrangeiro qualquer, em lembrança desses serviços. Estava intensamente cônscio dos seus méritos e das suas recompensas. Eu gostava bastante dele, embora conhecesse gente de temperamento brando e afável que não o podia ver riem de longe. Eu não tinha a menor dúvida de que ele se considerava imensamente superior a mim - na realidade, o próprio imperador do Ocidente e do Oriente não poderia deixar de se reconhecer inferior na sua presença -, mas eu não conseguia sentir-me realmente ofendido.